No início do século XX desenvolveu-se
na Europa um conjunto de correntes artísticas (dadaísmo, surrealismo,
expressionismo, futurismo) que formaria a arte moderna. Artistas brasileiros,
em suas idas ao exterior, voltavam com estas novas influências que, somadas ao
desejo de instaurar uma arte moderna brasileira, longe da imitação de padrões
europeus, com valorização do nacional, possibilitou o início do Modernismo no
Brasil.
O
Modernismo brasileiro teve três fases: a primeira surgiu em 1922, a segunda em
1930 e a terceira em 1945. O ponto de
partida foi a Semana
de Arte Moderna, que ocorreu entre 13 e 18 de
fevereiro de 1922 e possibilitou a aproximação de vários artistas com ideias
modernistas, dando força ao movimento.
Primeira fase do modernismo
Durante a primeira fase o movimento
buscou concretizar-se no Brasil. Foi um período de grande produção de arte
moderna e de materiais que divulgavam esta arte (orgia intelectual). Em meio a
essa “orgia”, quatro correntes de pensamento ganharam força e foram ganhando
teor ideológico ao longo da década de 20. São elas: Pau Brasil, Verde
Amarelismo, Escola da Anta e Antropofagia.
Manifesto Pau Brasil
Fundado por Oswald de Andrade com o
Manifesto Pau Brasil, o movimento Pau Brasil fazia críticas ao passado cultural
brasileiro, que imitava os modelos europeus, propondo um olhar para o Brasil
com o olhar do brasileiro, apesar das influencias europeias.
Verde Amarelismo
Em resposta a isso, o Verde
Amarelismo vinha com a defesa de um nacionalismo exagerado, valorizando os
elementos nacionais sem qualquer influência europeia. Esta corrente, que
originaria a Escola da Anta, tinha inclinações nazistas e, de certa forma,
possuía ideais xenófobos.
Antropofagia
A Antropofagia, também fundada por
Oswald de Andrade, vinha como uma nova resposta às duas correntes, pregando a
aceitação da cultura estrangeira, mas sem cópias e imitações. Esta cultura
deveria ser absorvida pela brasileira, que colocaria na arte a representação da
realidade do Brasil e do elemento popular, valorizando as riquezas nacionais.
Transição
Apesar dos movimentos contrários,
vemos na primeira fase modernista uma arte descontraída, com poemas que
desestruturavam as velhas escolas literárias e que traziam uma linguagem que
fugia às regras gramaticais, aproximando-se da fala popular. A construção da
imagem brasileira foi sendo aproximada do povo, da realidade popular e a
principal temática comum a todas as obras era a valorização e reconstrução do
nacionalismo.
A transição da primeira para a
segunda fase modernista ocorreu em meio à revoltas contra a política brasileira
do café-com-leite e
à crise econômica ocasionada pela crise
de 1929, que impossibilitava a importação do café, principal riqueza
brasileira. As Grandes Guerras também viriam compor o cenário histórico da
época.
A busca pela nacionalidade no final
da década de 1920 já começava a ganhar ares ideológicos e os conflitos da época
também pediam a tomada definitiva de uma posição ideológica. O resultado disso
é a arte engajada que surgiu na segunda fase modernista, com uma reflexão sobre
a época de crise e pobreza.
Segunda fase do modernismo
Se em 22 tínhamos um interesse pelos
temas nacionais, com aproximação da linguagem popular e valorização da vida
cotidiana; na arte engajada de 30 temos uma literatura mais amadurecida, sem a
descontração e a irreverência, mas com reflexões sobre a realidade do brasileiro, trazendo à tona o nacional através desta
reflexão, com textos
de linguagem aproximada do popular.
A literatura da época de 30
dividiu-se em prosa e poesia: a
prosa voltava-se para a crítica social, trazendo à tona os retratos de várias
regiões do país (regionalismo) como forma de denúncia dos problemas sociais de
cada região e com uma reflexão sobre a solução do problema; a
poesia voltava-se para o sentimento humano, levantando o questionamento sobre a
existência humana e a compreensão do local do mundo e do local que o ser humano
tem neste mundo conflituoso.
Principais autores da segunda fase
Os principais nomes da prosa são:
Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Érico
Verissimo. Na poesia, temos: Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Jorge de
Lima, Murilo Mendes.
Terceira fase do modernismo
Com o fim das Grandes Guerras (Primeira
Guerra Mundial e Segunda
Guerra Mundial) e início da Guerra
Fria e o fim da Era Vargas, que trouxe uma época de
democratização política brasileira, o Modernismo brasileiro começou a ganhar
novos rumos. Não era mais necessário o empenho social e político, pois em tese
não havia mais conflitos aos quais se opor.
A geração de 1945 abandonou vários ideais de 22, criando novas regras
que permitiam a liberdade para o artista criar o que quisesse. Eles não estavam
mais ligados à obrigação de aproximar-se da realidade brasileira e nem de
aproximar-se do povo através de uma linguagem popular e descontraída.
A principal temática da geração de
1945 estava ligada à aproximação do psicológico humano. Para transmitir esta
reflexão da psicologia humana, as
obras desta geração possuíam um equilíbrio rítmico e linguagem lírica que
rendia-se à antiga forma decassíliaba e rigorosa, deixando de lado o verso
livre instaurado em 1922.
Principais autores da geração de 45
São nomes famosos desta época:
Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.
BIBLIOGRAFIA
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texto – vol 3. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
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CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES,
Thereza Cochar. Literatura
Brasileira: ensino médio. 2.ed reform. São
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